terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Tchau, mãe :)



  Eu e Petúnia em pé ali na sala, contando os segundos pra minha mãe finalmente sair por aquela porta e pegar o tal do avião. Ela andando enlouquecida pela casa, atrapalhada, perdida, atrasada, sem novidades - essa é a minha mãe.
  - Não se esqueçam que na casa da Gilda tem uma chave extra, a faxineira vem ás quartas, vocês sabem ...
  Já é, sei lá, a décima vez que ela diz isso.
 - ... tem dinheiro, cartão de crédito e talões de cheque na gaveta da minha cômoda, pra emergências. Mas qualquer coisa liguem pro pai de vocês. Não. Liga primeiro pra tia de vocês, que o pai de vocês é muito enrolado ...
 Minha mãe vai ficar fora por quatro semanas. Eu e Túnia vamos ficar em casa sozinhas. Bem, nem tanto, os seguranças vão ficar de guarda lá nos portões e o mordomo vai ficar aqui,  mas isso não conta. Minha mãe não gosta muito de ter empregados dia e noite na nossa casa, por isso ela manda a empregada vir só as quartas, mas o mordomo fica todos os dias com nós.  Parei de ouvir, fiquei só na imagem. Eu faço isso de vez em quando, ajuda muito. Assim evito brigas com a minha mãe e não me estresso.
  A boca da minha mãe não para de mexer, ela ajeita os óculos, depois o cabelo tudo meio que ao mesmo tempo ...
- ... na geladeira tem uma lista de telefones úteis, tem também o do meu hotel, porque não da pra confiar em celular. Mas assim que chegar eu ligo pra confirmar o número ...
  Pronto, ela pegou o casaco. Está chegando a grande hora. Eu sei que vocês devem estar pensando que pelo jeito eu e a Túnia não ficamos muito sozinhas em casa, mas muito pelo contrário, minha mãe trabalha muito por ser a dona de uma das empresas mais ricas da Inglaterra, a Evans Estúdios, por isso ta sempre viajando.
 Ih, ela abriu a bolsa, mais cinco minutos pelo menos. De repente, uma ideia péssima: ta demorando muito, já pensou se ela desiste e vem com aquele papo de não passar muito tempo com nós? Sei lá, a minha mãe é maluca. Terror, pânico.
- Filhas, estou quase mudando de ideia, eu quase não passo tempo com vocês. - diz.
Essa nós tínhamos  que responder. Pensa rápido Lily! Pois é, diante da possibilidade de a nossa mãe querer ficar por aqui mesmo e estragar nossos planos de dar uma festa ( não que ela não deixe nós fazermos festas, na verdade ela sempre deixa, mas é chato ter a mãe por perto numa festa com todos do colégio né? ainda mais quando você é popular ), eu e Túnia começamos a falar sem parar.
- vamos ficar bem mãe, e não se preocupe sobre não passar muito tempo com nós, já sabemos que você trabalha muito ... - começa Túnia.
- Nós ligamos, mandamos e-mail, MSN, Skype! E ... vai passar rápido! - falo. Qual é dona Clara? Vai querer e preocupar sobre não passar muito tempo com nós logo agora?!
- é ... nós sabemos que essa viagem é superimportante pro seu trabalho ... - continua Túnia.
  E emendamos falando que ela não podia deixar de ir a essa reunião, que nós íamos ficar superseguras, que nossa vida ia ser a mesma, que íamos continuar nos concentrando nos estudos, que não passaríamos muitas noites fora de casa e blábláblá.
  Ela ri. O interfone. Sinal divino do táxi que tinha acabado de chegar. O Lerry, nosso mordomo pega as malas de minha mãe, ela para diante da porta da frente e abre os braços para o último abraço de despedida.
  Antes de entrar na limusine, ela ainda olha para nós e manda:
- Confio em vocês, tá?
  Odeio quando ela diz isso.














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